Para muitos, o nome Jacques Chirac está apenas associado à política, não tivesse ele
passado por vários cargos políticos, incluindo mais do que um mandato como
Presidente de França, de 1995 a 2007. Mas, quem verdadeiramente o conhecia sabe da
sua paixão pela arte e quanto por ela lutou durante quase toda a sua vida.
A 25 de Agosto de 1976 decide demitir-se da função de Primeiro-Ministro, afirmando
que não dispunha dos meios necessários para desempenhar com eficácia esse cargo.
Afirmou ainda que questionava a sua vida política, mostrando vontade de se dedicar
àquela que era a sua verdadeira paixão: A Arte.
Com uma visão de um mundo moderno aliada ao seu grande interesse pelas artes e
civilizações africanas, Chirac defendeu e protegeu culturas e povos ameaçados pela
globalização, através de um diálogo de culturas no qual o Ocidente não tem o
monopólio da excelência. Ficou conhecido como Jacques Chirac, o Africano, pelas suas
frequentes visitas a África, e orientava, igualmente, outros dirigentes e personalidades
que se deslocavam em viagens a este continente.
Neste contexto, e com o intuito de deixar uma herança político-cultural antes de
terminar o seu último mandato, o seu sonho realizou-se a 20 de Junho de 2006 com a
inauguração do Museu do Quai Branly ou Museu das Artes e Civilizações da África,
Ásia, Oceânia e Américas. Este museu, idealizado por Chirac, teve a construção a cargo
de Jean Nouvel e conta com mais de 70.000 artigos de arte africana dos 90.000 totais
em todos os museus de França.
No seu discurso de inauguração, Chirac disse que o novo museu “permite à França
homenagear os povos que sofreram violência ao longo da História, povos brutalizados,
exterminados por conquistadores ávidos e brutais”. O presidente acrescentou ainda que
esses povos “ainda hoje são marginalizados com frequência pelos avanços inexoráveis
da modernidade”.